quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O Curso de Psicologia da Universidade Federal do Ceará em Sobral realizará ações dentro da Semana Nacional do Trânsito, que começa hoje e prossegue até o dia 25.

O objetivo é incentivar valores como respeito, tolerância e solidariedade. A iniciativa parte da Disciplina Psicologia Social, Trânsito, Mobilidade Humana e Subjetividade, numa ação do Projeto de Extensão “A estrada de quem vê passar: Subjetividades em trânsito”, ligado ao Laboratório de Identidade, Cultura e Subjetividade (Laicus).

A Profª Gislene Macêdo, coordenadora do projeto, entende que trânsito é uma questão séria na região e precisa de esforços conjuntos para que haja planejamento urbano com estratégias para o incentivo de outras formas de mobilidade.

Na programação da Semana do Trânsito, dia 22, às 14h, haverá mesa-redonda sobre "Trânsito, saúde e educação: Análises e ações interdisciplinares em Sobral", na Escola de Saúde da Família Visconde de Sabóia.

Dia 24, das 8h às 12h, os alunos da UFC realizarão ação na Praça de Cuba, no Centro de Sobral, com esquetes nas faixas de pedestre sobre respeito no trânsito. No local será exposto o painel “O que você pensa do trânsito da sua cidade?”, onde cada cidadão será convidado a colocar sua opinião. Também haverá demonstração de primeiros socorros, pelo SAMU.

Fonte: UFC

publicado em 18/09/2009

Especialistas criticam campanhas educativas de trânsito realizadas no Brasil

Poucas, ineficientes e pontuais. Assim são as campanhas educativas para o trânsito realizadas no Brasil, segundo a análise de especialistas em trânsito que participaram nesta quinta-feira (10) do chat organizado pela empresa Perkons S/A para debater a educação para o trânsito com foco em campanhas, mobilização e informação para a sociedade.

"São raros os espaços destinados a campanhas de educação para o trânsito em larga escala", afirmou a psicóloga Gislene Macedo, professora da Universidade Federal do Ceará/Sobral. Para ela, as campanhas de marketing são pontuais e não cumprem seus objetivos. "Para funcionar mesmo, são necessárias outras ferramentas que vão além de panfletagens e outdoors. O problema é que os recursos destinados à educação no Brasil são pouquíssimos e empobrece o caráter permanente das ações de longo prazo", advertiu.

A jornalista Ana Cláudia Freire, produtora da TV Paranaense/Rede Globo e coordenadora de pauta da campanha Respeito ou Morte, realizada pela Rede Paranaense de Comunicação (RPC), concorda que as campanhas educativas para o trânsito ainda são poucas diante das necessidades de formação de um novo comportamento para motoristas e pedestres. "Os meios de comunicação só agora começam a se envolver de forma mais efetiva", admite.

A RPC iniciou em junho passado a campanha Respeito ou Morte. Além da veiculação de peças publicitárias em todos os seus canais de comunicação, os jornais, TVs, rádios e portal da RPC estão produzindo conteúdo relacionado ao tema. "Percebemos que só mostrar os acidentes não resolvia. Precisávamos discutir com a sociedade as causas e soluções", explicou Ana Cláudia. Segundo ela, desde que a campanha começou houve uma redução de 77% no número de mortes em acidentes de trânsito em Curitiba e a população está participando enviando sugestões de temas, imagens de flagrantes e usando os adesivos da campanha nos carros.

Para a publicitária Maria Amélia Franco, gerente de Marketing da Perkons S/A e responsável pelo portal www.educacaoetransito.com.br, a produção de conteúdo, como a RPC tem realizado, traz melhores resultados que somente a veiculação de peças publicitárias. Segundo ela, o conteúdo jornalístico tem melhor crédito da população.

Mas os participantes do chat, no total de 30 pessoas, lembraram dois exemplos de campanhas educativas para o trânsito: uma eficiente e outra sem resultados. Philip Gold, consultor em Segurança de Trânsito, lembrou que a campanha sobre o uso do cinto de segurança, em São Paulo, durou um ano e meio, foi constante e resultou em aumento do uso do equipamento de 8% para 98%, quando acoplada à fiscalização.

Em contraponto, foi lembrado que todo o esforço realizado de combate ao consumo de álcool pelos motoristas, com aprovação da lei de tolerância zero, campanhas educativas e aumento da fiscalização está sendo derrotado pelo simples fato dos motoristas se negarem a fazer o teste do bafômetro.

Por isso, Gold defendeu educação para as crianças e fiscalização e punição para os adultos. "Educação de trânsito começa com crianças. Através da lei, atingiremos os adultos", afirmou. Segundo ele, educação não funciona sem regras e punições.
A psicóloga Gislene Macedo completou a discussão lembrando que "super valorizar a educação é desconsiderar que há uma dimensão atravessando as formas de organização social. A educação é complementar a outras medidas em toda a sociedade. Um governo que incentiva a compra de veículos individuais como saída de mobilidade não está de fato comprometido com o trânsito e com a saúde pública", provocou.

314/09 - Os participantes do chat da Perkons também analisaram a Resolução 314/09 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que estabeleceu padrões e critérios para as campanhas educativas de trânsito. Para o publicitário Fernando Pedrosa, que trabalha há dez anos com esse tema, a resolução inibe a liberdade de criação e expressão das entidades. Já Paulo Cesar Marques da Silva, professor da área de tráfego na UnB, disse que a resolução orienta as boas práticas, estimulando a segurança, a promoção da cidadania, a identificação de públicos e a pesquisa. A publicitária Maria Amélia concordou. "A resolução é uma evolução, pois antes não havia diretrizes. Como comunicadora, vejo que planejar campanhas ajuda a criar os projetos de forma mais consistente.", destacou.

Carrodependência tem cura

Carrodependência tem cura

"CARRODEPENDÊNCIA TEM CURA"

Na manhã do Dia Sem Carro, faixas espalhadas pela cidade de São Paulo lembravam que as patologias do uso excessivo de automóveis atingem outros órgãos além do pulmão, mas que existe tratamento. No espaço urbano, a infecção se alastra com rapidez, ganhando força com maus hábitos alimentares como a Redução do IPI, a pavimentação de várzeas com finalidade eleitoral ou a total negligência com os modos de circulação ditos “alternativos”.

Desperdício de espaço, isolamento, solidão, angústia, espalhamento e privatização da cidade são alguns dos sintomas mais visíveis. Nos casos mais graves, a Carrodependência pode levar à total fragmentação do tecido social e consequente morte das cidades.

A doença é de difícil detecção: depois de alojado no corpo da cidade, nos gabinetes de palácios e nos tubos de televisão, a Carrodependência provoca delírios, distorções na visão, febres e alto consumo de energia e recursos naturais.

A Carrodependência Institucional, um tipo avançado da doença, tem como principal sintoma a dificuldade de encarar o presente: pacientes crônicos geralmente são vistos em telejornais cantarolando promessas para um futuro distante, falando de um passado remoto, de terras longínquas ou de assuntos secundários. O Carrodependente Institucional é o que tem maior dificuldade de se reconhecer doente perante a sociedade.

Com alguns meses de infecção, o Carrodependente Institucional pode desenvolver outras doenças mais comuns, como a Esquizofrenia Mercadológica, a Logotipia Crônica e a Paranóia da Carreira Política.

A Carrodependência tem cura, mas não pode ser encarada como um simples resfriado. O tratamento geralmente requer intervenções duras que afetam os privilégios de algumas células minoritárias. Médicos e pacientes precisam de auxílio psicológico e não devem titubear ao enfrentar o chororô das minorias. Mas é importante lembrar que cada ataque aos tecidos podres pode resultar na multiplicação de imagens e conceitos distorcidos, dificultando ainda mais o combate às causas da Carrodependência.


Alguns enxergam saídas…





… outros se escondem delas